segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O estranho lugar em que vivo 1

A minha terrinha é um lugar completamente fora do mundo, para lá do sitío onde Judas perdeu as botas e do cu de Judas (já agora porque é que quando se quer dizer que um lugar é longe surgem tantas metáforas relacionadas com o Judas?)... Mas continuando... A minha terra deve ser a única que possui uma única rotunda e o único transporte público é um autocarro que raramente se vê passar (há quem diga que só passa duas vezes por dia, de manhã e à noite...). Mas para além disso a minha terrinha parece mesmo daquelas aldeias abandonadas do interior em que ninguém tem carro. Deve ser a única em que os cães dormem no meio da estrada (e da rotunda) e que quando passamos com o carro nem se dignam a levantar o focinho, permanecem impávidos e serenos e nós que nos desviemos... Mas não são só os cães, já uma vez tive de me desviar dum bando de perdizes que estava atravessando a estrada. E quando é um rebanho de ovelhas? Podemos ter que ficar 10 minutos à espera que elas saiam do caminho! Outra particularidade são os tractores. Ontem vinha eu muito bem a subir o meu monte e deparo com um tractor em manobras. Muito bem, esperei um bocadinho, dei graças a Deus por ele não ir pelo mesmo sitio que eu, desviei-me das couves que ele deixou cair e prossegui o meu caminho...
É por estas e por outras que a minha terrinha é um local fora do tempo e do espaço...

1 comentário:

Palhota disse...

Há (pelo menos) uma metáfora que retrata a ideia de um lugar longínquo mas que não refere o pobre coitado do senhor. Essa dita metáfora é uma bem nossa conhecida que até já foi utilizada em painéis publicitários de uma transportadora: estou-me a referir à espressão "por trás do sol posto".
Ora uma possível razão para a existência de tantas metáforas relacionadas com Judas talvez se deva ao facto de, por ser considerado um traidor, ser uma personalidade que quanto mais longe de nós estiver melhor. Daí que longe seja quase um equivalente a Judas ou às ditas botas do senhor.

Por falar em terras por trás do sol posto, a minha própria pessoa tem o prazer de morar numa terra dita semi-rural em que apenas há comboios de hora a hora (exceptuando umas escassas horas matinais em que os há a cada 30 minutos). Claro está que por estas bandas não se corre o risco de pisar as couves ao pobre homem,mas também se podem encontrar máquinas agrícolas (vulgo tractores) em manobras ou até mesmo camionetas e carrinhas de caixa aberta atulhadas de uva proveniente da vindima e com a qual se faz o néctar dos deuses: o moscatel de Setúbal, que no ano que transitou comemorou 100 anos de existência.

Gostei mesmo muito do teu post,continua a escrever assim Clara que vais longe!