A minha terrinha é um lugar completamente fora do mundo, para lá do sitío onde Judas perdeu as botas e do cu de Judas (já agora porque é que quando se quer dizer que um lugar é longe surgem tantas metáforas relacionadas com o Judas?)... Mas continuando... A minha terra deve ser a única que possui uma única rotunda e o único transporte público é um autocarro que raramente se vê passar (há quem diga que só passa duas vezes por dia, de manhã e à noite...). Mas para além disso a minha terrinha parece mesmo daquelas aldeias abandonadas do interior em que ninguém tem carro. Deve ser a única em que os cães dormem no meio da estrada (e da rotunda) e que quando passamos com o carro nem se dignam a levantar o focinho, permanecem impávidos e serenos e nós que nos desviemos... Mas não são só os cães, já uma vez tive de me desviar dum bando de perdizes que estava atravessando a estrada. E quando é um rebanho de ovelhas? Podemos ter que ficar 10 minutos à espera que elas saiam do caminho! Outra particularidade são os tractores. Ontem vinha eu muito bem a subir o meu monte e deparo com um tractor em manobras. Muito bem, esperei um bocadinho, dei graças a Deus por ele não ir pelo mesmo sitio que eu, desviei-me das couves que ele deixou cair e prossegui o meu caminho...
É por estas e por outras que a minha terrinha é um local fora do tempo e do espaço...